
Friedrich Nietzsche encontra o apóstolo Paulo em Atenas
Se pudéssemos colocar lado a lado duas figuras tão marcantes como Paulo e Nietzsche o local mais apropriado para esse encontro seria certamente a cidade de Atenas, na Grécia. Ali o apóstolo judeu, chamada a pregar para os gentios se deparou com uma cena inusitada, uma cidade extremamente religiosa ao ponto de adorar a um “Deus Desconhecido” que Paulo prontamente apontou como sendo o verdadeiro e único Deus. De maneira semelhante orou Nietzsche, se referindo de maneira idêntica em um texto de sua autoria denominado “Oração ao Deus Desconhecido”.
Imaginemos a cena, um encontro entre o filósofo alemão e o pregador hebreu, que contraste, por todas as questões filosóficas que envolveriam tal reunião. O que iriam debater? O que argumentaria Nietzsche para elucidar como perdera a sua fé(ou jamais a teria tido?) e renegar o legado de ser herdeiro de uma família de clérigos (seu pai e seu avó foram pastores luteranos)? Ele preferiu traçar os próprios caminhos. O que Paulo diria a ele em relação a este tema?
Será que em algum momento do encontro o alemão asseguraria ao judeu que Deus está morto? Qual seria a reação do cristão diante do confesso ateu?
Em algum momento de sua vida o filósofo se referiu a um “Deus Desconhecido”, seria esse o ponto que o apóstolo iria utilizar para propor ao pensador uma reflexão de fé? Afinal isso aconteceu em Atenas.
Haveria consenso entre os dois? Ou cada um seguiria seu rumo? Haveria convencimento de algum deles? Paulo sairia do encontro na cidade grega convencido de que de fatos “Deus está morto”? Ou Nietzsche seria “convertido” pelas palavras de boas novas de Paulo? Mais, o judeu faria algum milagre em nome de Deus para provar que este vive pelos séculos dos séculos? E havendo milagre o alemão seria convencido e convertido ou apenas racionalizaria tal feito?
O resultado certamente irá depender do ponto de vista de quem agora me lê, os mais céticos darão razão ao pensador os mais crentes pensarão que as palavras proferidas pelo cristão irão ter a capacidade de modificar a mente do alemão e fazê-lo “retornar a fé” .
De qualquer maneira, independente do “resultado” da reunião, se é que se esperaria algum resultado da mesma, o teríamos seria algo bem diferente do espírito de “cruzada”, não teríamos ali nenhum “cruzado” defendendo com derramamento de sangue seu direito a razão, antes testemunharíamos o encontro de duas mentes brilhantes num ato reflexão, respeito e cordialidade humana onde a harmonia estaria presente mesmo em pensadores tão opostos. Nietzsche certamente não agrediria Paulo, e vice versa. Mesmo que idéias, crenças e convicções sejam diferentes e até mesmo opostas sempre existirá o lugar para a harmonia entre seres iguais, mesmo que um faça sua “Oração ao Deus Desconhecido” e o outro argumente que esse Desconhecido é o verdadeiro e proponha que se conheça a Ele.
Um comentário:
OLá Lisandro,
Li o blog...achei de boa escolha as tuas reflexões.
Se eu pudesse ver um encontro entre Nietzsche e Paulo acho mais provável que o primeiro defendesse seu niilismo emquanto a palavra do segundo fosse em direção a fé, essa fé a qual Nietszche prega contra.
Bom, é uma hipotese, não? óbvia até.
Nem vencidos, nem vencedores, nem convencidos mas convencedores.
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