quinta-feira, 31 de julho de 2008

Narrativas da antigüidade e o Verdadeiro Show da Fé

Narrativas da antigüidade

«Sabendo que desejas conhecer, passo à narrativa. Existe em noss
os tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus. Pelo povo é inculcado de grande profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado. Ó César, a cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus: ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra: é um homem de justa estatura e muito belo no aspecto, e há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou a temê-lo. Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes. Tem no meio da sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos nazarenos, o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma cor moderada. O nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio. Seu olhar é muito afetuoso e grave, tem os olhos expressivos e claros, o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios de sol, porém, ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza, chora, faz-se amar e é alegre com gravidade. Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belas. Na palestra contenta muitos, mas o faz raramente e, quando dele se aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante a sua mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo jamais visto por estas partes uma mulher tão bela. Porém, se Vossa Majestade, ó César, deseja vê-lo, dê-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível. De letras, faz-se admirar por toda a cidade de Jerusalém, ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém, em sua presença, falando com ele, tremem e o admiram. Dizem que tal homem nunca fora ouvido por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram jamais tais conselhos, de grande doutrina como ensina este Jesus, muitos judeus o têm como Divino e muitos querelam, afirmando que é contra a lei de Vossa Majestade. Eu sou grandemente molestado por estes malignos hebreus. Diz-se que este Judeu nunca fez mal a quem quer que seja, mas ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam terem dele recebido grandes benefícios e saúde, porém a sua obediência estou prontíssimo, àquilo que Vossa Majestade ordenar será cumprido. Sou, da Vossa Majestade, fidelíssimo e obrigadíssimo[...] Públius Lentulus, presidente da Judéia, Linbizione sétima, luna seconda». [Carta a Tibério César, Arquivo do Duque de Cesarini, em Roma]

O Verdadeiro Show da Fé

Quando vejo alguns programas na televisão que entitulam de "evangélicos", como os "shows da Fé" e semelhantes, logo me vem a mente o martírio de nossos irmãos do passado que passaram pelos mais terríveis suplícios em nome da fé em Cristo, e tudo para agradar a imperadores e a um povo sanguinolento que apreciava a morte nos "coliseus" do passado...
Hoje tal fé, em nossas igrejas é incocebível e hoje os que professam a Cristo muito pouco, ou nada, tem a ver com os nosso irmãos do passado que tão honrosa herança de sangue deixaram como lição.
No texto baixo há uma compilação de alguns textos da antiguidade que relatam essas experiências de dor e fidelidade, que nos sirva de inspiração, que nos sirva de lição tais exemplos e que possamos novamente reformar-nos de acordo com o bom espírito do Evangelho e da Cruz que devemos a cada dia transportar. Que possamos voltar a ver que fé é muito mais do que TER, fé é SER uma nova criatura em Cristo e viver a altura desse nome.
O verdadeiro show da fé é poder dizer:
"Já não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim..."
Deus abencoe!!!

«Impôs êstes tormentos refinados àqueles que por sua abominação faziam-se detestar e que o povo chamava cristãos. Este nome lhes vem de Cristo, que, sob o principado de Tibério, o procurador Poncio Pilatos havia livrado do suplício. Começou por agarrar aqueles que confessavam sua fé depois, sobre suas informações, uma multidão de outros, que foram acusados menos do crime do incêndio do que de ódio contra o gênero humano. Não se contentou unicamente de os ferir; fêz-se que eles fossem revestidos de pelo de animais para que eles fossem triturados pelos dentes das feras: ou eram presos nas cruzes, ou em madeira inflamada, e, quando o dia terminou, eles clareavam as trevas com as tochas. Nero havia ofertado seus jardins para o espetáculo, e deu em espetáculo ao circo, misturando-se com a população no decorrer dele. Se qualquer destes punidos eram culpados e dignos dos últimos e mais rigorosos castigos, dever-se-ia ter piedade, pois dizia-se que não era mais do interesse público, mas pela crueldade de um só homem.» Tácito, Os Anais, citado por José Jobson de Andrade Arruda, FLCHUSP, em História Antiga e Medieval, Ed. Objetivo, pág. 59.

«O Diácono Sanctus sofria com sôbre-humana força todos os suplicios que os carrascos podiam inventar. A todas as perguntas ele respondia em latim: 'Eu sou cristão!' Não se lhe pode tirar outra resposta. Isso bastou para inflamar a ira do proconsul e dos verdugos: não tendo outro castigo a sua disposição, aplicaram-lhe chapas quentes nos lugares mais sensíveis do corpo. Mas enquanto os membros assavam, a sua alma não se dobrava, e, ele persistia na sua confissão. Maturus e Sanctus sofreram de novo toda a série dos suplícios como se nada tivessem sofrido anteriormente; as chicotadas, as mordeduras das feras que os arrastavam na areia, e tudo aquilo que o capricho de uma multidão insensata reclamava aos gritos: depois, sentaram-nos na cadeira de ferro abrasado e, enquanto os seus membros queimavam, a repugnante fumaça de carne assada enchia o anfiteatro. Longe de tranquilizar -se, o furor mais se inflamava; assim mesmo a multidão queria triunfar da constância dos mártires. Entretanto não se conseguiu que Sanctus pronunciasse uma só palavra, a não ser aquela que não cessara de repetir desde o começo: 'Eu sou cristão!' Para terminar, cortou--se a garganta dos dois mártires, que ainda respiravam, Blandina, uma jovem escrava cristã, durante todo esse tempo, achava-se suspensa em um poste e exposta às feras; nenhuma fera tocou o corpo de Blandina. Tiraram-na então do poste e levaram-na para uma outra sessão. Blandina ficou para o fim. Após ter sofrido o azorrague, as feras, a cadeira de fogo, foi encerrada em uma rêde e atirada diante de um touro. Este lançou-a várias vezes ao ar com os chifres; ela parecia nada sentir, tôda entregue à sua esperança, prosseguindo o colóquio interior com Cristo. Fianalmente, degolaram-na. 'É verdade, diziam os gauleses saindo, jamais se viu em nosso país uma mulher sofrer tanto'.» Extraído de uma Carta dos Cristãos de Lião aos Cristãos da Ásia, 177 A.D., citado por José Jobson de Andrade Arruda, FLCHUSP, História Antiga e Medieval, Ed. Objetivo, pág. 61e 62.