sexta-feira, 26 de abril de 2013

EU estou com vocês TODOS os DIAS, até o FIM DOS TEMPOS

E lembrem disto: EU estou com vocês TODOS os DIAS, até o FIM DOS TEMPOS.

Mateus 28.20

Quando Jesus, depois de haver morrido e ressuscitado, aparece aos seus amigos e discípulos ELE faz uma promessa “eu estarei com vocês todos os dias até o fim dos tempos”.

No momento desta declaração ELE se apresentou vivo, não foi um espírito, um fantasma, uma projeção ou a imaginação dos discípulos que estavam presentes no instante desta declaração maravilhosa, foi o próprio Jesus. Ele disse para Tomé “toque em minhas mãos e em meu corpo e veja que SOU EU, um espírito não tem carne ou osso. TOQUE em mim Tomé e creia!”

Jesus está vivo! E mais, prometeu sua companhia TODOS OS DIAS!

Será que em nossa vida agitada temos conseguido encontrar aquele que está perto?

Será que esta ideia de Jesus vivo, próximo e com desejo de nos ajudar, amar e compreender não tem se transformado em mera “fábula religiosa”? Uma “lenda antiga”?

Creia nisso, ESTOU COM VOCÊ TODOS OS DIAS ATÉ O FIM DOS TEMPOS. Jesus quer que compreendamos esta realidade, de que ELE vive e está perto, para que possamos aprender a viver com ELE!

Jesus não está confinado à história. Jesus não está preso dentro das paredes das igrejas. Jesus está vivo e atua em todo lugar! ELE mesmo afirmou que o REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE VÓS! Então é tempo de acalmarmos nossa alma agitada e olhar pela fé para Jesus perceber que agora mesmo ELE está perto de cada um de nós, tão perto que se fecharmos nossos olhos e abrirmos nosso coração iremos percebê-lo junto de nós, uma paz suave e uma alegria serena irá invadir nossa alma e teremos a certeza de que ELE está aqui!

Creia nisso! Ele está com você todos os dias!

Amém!

Lisandro Canes

terça-feira, 16 de abril de 2013

CARTA ABERTA AOS CRISTÃOS DO SÉCULO XXI


CARTA ABERTA AOS CRISTÃOS DO SÉCULO XXI


Por: Brennan Manning

Adentramos o século XXI, e nunca houve outra época na história cristã em que o nome de Jesus fosse mencionado com tanta freqüência e o conteúdo de sua vida e de seu ensino tão freqüentemente ignorado. A sedução de um discipulado fraudulento tem tornado fácil demais ser cristão. Num clima de admiração mútua, as exigências radicais do evangelho dissolveram-se em antiácido verbal, e a pregação profética tornou-se quase impossível. De modo geral, os cristãos americanos de hoje são alimentados a colheradas com o mingau da religião popular.
O evangelho de Jesus Cristo não é historinha de Pollyana para os neutros — é faca cortante, trovão implacável e terremoto convulsivo no espírito humano. A Palavra deveria nos forçar a reavaliar o rumo inteiro de nossa vida. Porém, nas palavras de Bonhoeffer, muitos cristãos "juntaram-se como abutres ao redor da carcaça da graça barata, e ali beberam o veneno que assassinou o seguir a Cristo".
Fosse o evangelho proclamado sem concessões, o rol de cristãos de carteirinha neste país diminuiria. Em sua maior parte o televangelismo distorce o evangelho. Não há referência à cruz exceto como relíquia teológica, nenhum toque de clarim anunciando ao corpo de Cristo que estamos crucificados para o mundo e o mundo crucificado para nós. Em meia hora o evangelista eletrônico tem de converter você, curá-lo e garantir-lhe sucesso. Todos são vencedores; ninguém perde seu negócio, fracassa no casamento ou vive na pobreza. Se você é uma jovem atraente de dezenove anos e aceita Jesus, torna-se miss América; se você tem problema com a bebida, vence o alcoolismo; se faz parte da Liga Nacional de Futebol, é escalado automaticamente para a seleção.
Por mais incrível que possa parecer, a própria Palavra tornou-se fonte de divisão e de justiça própria. Jesus disse que o sinal mais evidente do discipulado seria nosso amor uns pelos outros. "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo 13:34-35). Seu ensino não deixa dúvidas aqui. Seríamos conhecidos como seus seguidores não por ser castos, celibatários, honestos, sóbrios ou respeitáveis; não por ser freqüentadores de igreja, carregadores de Bíblia ou cantadores de salmos. Antes, seríamos conhecidos como discípulos primariamente por nosso profundo e delicado respeito uns pelos outros, por nosso amor cordial impregnado de reverência pela dimensão sagrada da personalidade humana.
No entanto, num gesto arrogante de patifaria, muitos pregadores hoje em dia decidiram que o padrão de discipulado de Jesus é inadequado para os tempos modernos. O novo critério é ortodoxia doutrinária aliada ao modo de interpretar a Bíblia. "Crença correta" é a nova norma que determina o que vale um cristão. Nestes tempos perigosos não hesitamos em dividir comunidade, igreja local e até mesmo denominações por causa da forma de adoração, das canções que cantamos ou do método de interpretar uma passagem bíblica.
Meus amigos em Cristo, a verdade simples é que a igreja cristã está dividida por doutrina, história e conduta diária. Percorremos um longo caminho desde o século I, quando os pagãos exclamavam com maravilha e assombro: "Veja como esses cristãos amam-se uns aos outros!". Privamos o mundo do único testemunho que o Filho de Deus requereu durante a ceia de seu amor. "Nossa presente desunião não tem como ser a vontade de Deus para nós; é escândalo para anjos no céu e para seres humanos na terra".
Deixem-me, no entanto, dizer que ao longo deste país há uma congregação aqui, uma comunidadezinha ali, testemunhas isoladas no horizonte cujas vidas não fazem nenhum sentido se Jesus não ressurgiu. Eles vêem o cristianismo não como ritual, mas como modo de vida. Sua vida longe das câmeras são impressionantes. Eles fazem coisas que ninguém jamais poderá saber com a mesma sinceridade com que fazem as coisas que as pessoas podem ver. Eles arriscaram tudo na assinatura de Jesus e creem firmemente que viver sem risco é arriscar não viver.
Entristece-me profundamente em nossa cultura aquilo que só posso chamar de idolatria das Escrituras. Para muitos cristãos a Bíblia não é uma seta apontando para Deus, mas o próprio Deus. Numa palavra: bibliolatria. Deus não tem como confinar-se entre as capas de um livro. Perco depressa a paciência perto de gente que fala como se o mero escrutínio de suas páginas pudesse revelar precisamente como Deus pensa e como ele quer.
Os quatro evangelhos são a chave para o conhecimento de Jesus. Contudo, de modo recíproco, Jesus é a chave do significado do evangelho — e da Bíblia como um todo. Em vez de permanecermos satisfeitos com a letra crua, deveríamos passar para os mistérios mais profundos disponíveis apenas por meio de um conhecimento íntimo e sentido da pessoa de Jesus.
Com o risco de soar repetitivo, vou dizê-lo novamente: tomamos fácil demais ser cristão. Os únicos requerimentos são a recitação de um credo e a freqüência a uma igreja local onde há pouca comunhão e comunidade nenhuma. O cristianismo costumava ser negócio arriscado. Não é mais. O discipulado livre de custos produz paspalhos e personalidades melífluas que, na frase contundente de Scott Peck, "pertencem a uma igreja na qual o nome de Jesus convive blasfemamente com a corrida armamentista".
De meu ponto de vista, a necessidade mais urgente da igreja é conhecer Jesus Cristo: viver e respirar as palavras do apóstolo Paulo: "Tudo que quero é conhecer a Cristo e experimentar o poder de sua ressurreição pelo participar da comunhão de seu sofrimento (cf. Fp 3:10-11). Você e eu somos chamados para ser pessoas à maneira de Jesus. Nada mais importa. Nosso alvo é nos tornarmos como Cristo, ter sempre sua imagem diante dos olhos. O discipulado é um apego completo a Jesus Cristo em seu presente estado de ressurreição: "Olhando para Jesus, autor e consumador da fé" (Hb 12:2). Devemos permanecer inteiramente focalizados em Cristo, sem buscar a realização na lei, na afiliação à igreja, na piedade pessoal, no sucesso ministerial ou no avanço profissional. "Cristo é tudo em todos" (Cl 3:11).
Paulo é modelo de dedicação irredutível a Jesus. Ele teve a audácia de ostentar: "Nós temos a mente de Cristo" (1 Co 2:16). A ostentação era validada por sua vida. Desde o momento da conversão, a mente e o coração de Paulo ocuparam-se de Jesus Cristo (cf. Fl 3:21). Cristo era uma pessoa cuja voz Paulo podia reconhecer (cf. 2Col3:30), que o fortalecia nos momentos de fraqueza (12:9), que o iluminava, mostrava-lhe o significado das coisas e o consolava (1:4-5). Abatido pelas acusações difamatórias de falsos apóstolos, Paulo admitiu visões e revelações do Senhor Jesus (12:1). A pessoa de Jesus desvendou para ele o mistério da vida e da morte (cf. Cl 3:3).
Na novela O sol é para todos, o velho advogado Atticus Finch afirma: "Você nunca vai compreender um homem até se sentir na pele dele e olhar o mundo através de seus olhos". Paulo olhava o mundo tão sensivelmente através dos olhos de Jesus Cristo que Jesus Cristo tornou-se o ego do apóstolo: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gl 2:20).
Se o apóstolo retornasse à terra hoje, creio que conclamaria toda a igreja a retornar à disciplina do segredo. Essa antiquíssima prática da igreja apostólica foi implementada para proteger o nome sagrado de Jesus Cristo da zombaria e os mistérios da fé cristã de profanação. A igreja cristã evitava a menção do batismo, da eucaristia, da morte e ressurreição de Cristo na presença dos não-batizados.[1] Por quê? Porque o testemunho mais persuasivo era o modo que se vivia, não as palavras que se falavam.
S0ren Kierkegaard certa vez descreveu dois tipos de cristãos: o primeiro engloba os que imitam Jesus Cristo; os segundos são os que se satisfazem em falar dele. Eu dividiria a comunidade cristã nos Estados Unidos entre gente pictórica e gente dramática. A gente  pictórica enxerga Jesus a uma distância segura, da maneira que se olha na Galeria Nacional de Washington para o quadro da última ceia pintado por Salvador Dali. A gente dramática não é composta por meros espectadores; como a audiência envolvida diretamente na tragédia grega Antígona, são participantes pessoais no drama da morte e ressurreição de Jesus, mediante um morrer diário para o eu e um ressurgir para novidade de vida em Cristo.
Proponho que o empreendimento cristão de edificar o reino de Deus na terra seja um negócio silencioso e oculto. As reivindicações públicas do cristianismo perderam a credibilidade. As palavras de nossos lábios são contraditas por nosso modo de vida.
O problema com a igreja não é o fato de que algo esteja escondido, mas que muito pouco tem permanecido oculto. Que a igreja viva no subterrâneo por algum tempo. Ao mesmo tempo que abraça a discrição, eleve também os critérios para filiação. Somos a igreja. Apresentemos ao mundo a imagem de uma comunidade de servos e preservemos a beleza do evangelho não com um fervor gritante e defensivo, mas com uma vida interior intensa de oração e adoração, serviço e conduta de vida que só possam ser explicados em Deus.
A adoração é o ápice da vida da igreja, fonte de todo o ministério, da solidariedade compartilhada em comunidade que toma a fidelidade a Jesus possível. A adoração, como expressão da disciplina do segredo, não é para amadores em busca de entretenimento.

Ela é apenas para pequenos grupos de cristãos claramente comprometidos que caracterizam uma comunhão intensa baseada em sua lealdade comum e acentuada a Jesus; e sua expressão do significado dessa lealdade e comunhão é comunicada para e na companhia uns dos outros em adoração[...] A adoração como disciplina hermética não é para as ruas, para os cartazes, para a mídia, para as massas. Não são por certo os cultos de amanhecer de Páscoa no Hollywood Bowl, não os exercícios dominicais de religião civil no East Room da Casa Branca, não a religiosidade ou as cruzadas no Astrodome[...] Não é cristianismo de adesivo de pára-choque e papel de carta. A igreja[...] se tornará rigorosa nas estipulações para afiliação e devota em sua prática de disciplinas. Dará também sua propriedade em favor dos necessitados.[2]

A disciplina do segredo ajudará a igreja a libertar-se da religiosidade. Carregamos muita bagagem religiosa do passado. Em diversas igrejas locais que visito, a religiosidade empurrou Jesus para as margens da vida real e fez com que as pessoas mergulhassem na preocupação com a própria salvação pessoal. Quando o medo do pecado e da morte domina a consciência cristã, tornamo-nos excessivamente introspectivos; tiramos os olhos de Jesus e perdemos qualquer senso de responsabilidade ética para com a comunidade humana mais ampla. Muitas pessoas têm confundido as estruturas da religião com a revelação e a fé. A disciplina do segredo insiste que Jesus não é apenas o centro do evangelho, mas de toda nossa vida cristã. Nossa fidelidade a ele e imitação de sua vida darão credibilidade ao cristianismo.
O uso excessivo esvaziou o sentido de grande parte do idioma cristão. Quando encontrar alguém em meio a dor e desolação, não fale o idioma bíblico conhecido por você e disponível para você: fique ao lado da pessoa ferida em sua solidão e quebrantamento, chore e lamente com ela, e deixe que seu silêncio seja sua compaixão.
Faço questão de lembrar a cada seguidor de Jesus que o discipulado nada mais é que estar pronto a obedecer a Cristo tão incondicionalmente quanto os primeiros discípulos. Apenas quem crê é obediente, e apenas quem é obediente crê. Jamais confunda sucesso ministerial, conhecimento bíblico ou domínio conceituai cristão com santidade e discipulado autêntico. Eles podem muito bem tratar-se de corrupções do discipulado se sua vida não estiver escondida com Cristo, em Deus.
Jesus Cristo ofendeu a ordem política e religiosa da Palestina. O cristão, também, acabará sendo motivo de ofensa, e se não o fizer é mau sinal, significa que não está sendo muito cristão.
Nesta carta, caros irmãos e irmãs, procurei compartilhar minhas percepções sobre a igreja e oferecer recomendações para uma renovação com base nos escritos de Paulo. Neste momento da história da igreja, creio que o retorno a disciplina do segredo é essencial para a revitalização e a credibilidade da comunidade cristã. O evangelho de Jesus Cristo não deve ser forçado sobre um mundo não inclinado a abraçá-lo. Para ser direto, as pessoas estão cheias de nossos sermões. Elas querem uma fonte de poder para sua vida. Podemos recomendá-la apenas tomando-a ativamente presente em nós mesmos. Para o crescimento da igreja na próxima década, o princípio operativo é: "menos é mais". Pouco antes de morrer, o líder marxista Lênin disse: "Dê-me dez homens como Francisco de Assis e eu dominarei o mundo".
Por favor, orem por este peregrino. Não me coloco acima de vocês: sento-me ao seu lado.
Sob a Misericórdia,
Brennan Manning
Nova Orleans, Louisiana 15 de janeiro de 1992








Para um desenvolvimento completo da disciplina do segredo, cf. Geoffrey B. KELLY, Liberating Faith, p. 133s.
[2] Larry RASMUSSEN, "Worship in a World Come-of-Age", em A Bonhoeffer Legacy: Essays in Understanding, p. 278.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

EQUILIBRIUM



"Examinem tudo, fiquem com o que é bom."

1 Tessalonicenses 5.21 


Em busca do equilíbrio, este deveria ser o princípio régio do cristão  no meio da sociedade.

Vou observar TODAS as coisas e ficar com o que é bom aos olhos de Deus e conforme as Escrituras! 

Quanto ao que for mal, com isto não fico, e buscarei a sabedoria de discernir quais os males e maus que chegam disfarçados de bem ou bom.

Para isto não preciso me atirar para os extremos das questões. Defenderei meu ponto de vista com respeito e quando eu não for respeitado oferecerei a outra face. Não pagarei o mal com o mal. Não pagarei o desrespeito e a intolerância com mais desrespeito e intolerância, não revidarei truculência com mais truculência. Enfim, Não pagarei na mesmo moeda e medida. Minha moeda será a moeda do amor e minha medida será a medida de Jesus. Quero estar entre os que oferecem abraços e não tapas! Quero estar entre os que dizem amo e não entre os que declaram ódio. Quero ser um dos que perdoam, setenta vezes sete e viver entre os pacificadores e assim ser chamado de filho de Deus!

Amém

Lisandro Canes
 

 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

PELO DIREITO DE DISCORDAR!



PELO DIREITO DE DISCORDAR!
 
 Por Ariovaldo Ramos


Fui advertido de que nesse momento, que estamos vivendo na Igreja evangélica brasileira, discordar do Presidente do CDHM, em exercício, é concordar com o movimento GLBTS, e vice versa.

Discordo!

Eu respeito o irmão e oro por ele, mas, discordo da forma como o Deputado está conduzindo o mandato que recebeu de seus eleitores.

Eu respeito os seres humanos que optaram pela homossexualidade, mas, entendo que os direitos que estão a reivindicar já estão contemplados nos direitos da pessoa humana, cobertos por nossa constituição, e que o que passa disso constitui reclamos por privilégios, o que não é passível de ser concedido numa democracia, sob pena de contradize-la.

Eu respeito o direito das uniões homossexuais terem garantida, pelo Estado, a preservação do patrimônio, por eles construídos, quando da separação ou do falecimento de um dos membros da união. Entretanto, discordo que seja possível transformar uma união voluntária de duas pessoas do mesmo sexo, a partir de opção comum e particular, em casamento, pois isso insinua haver um terceiro gênero na humanidade, o que não se explicita na constituição do ser humano. Assim como não entendo que a conjunção da maternidade e da paternidade, necessária para um desenvolvimento funcional do infante humano, seja substituível por mera boa vontade.

Eu respeito e exerço direito de pregar o que se crê, mas discordo do pregador, quando diz que Deus matou John Lennon ou aos Mamonas Assassinas, por terem desacatado o Altíssimo, como se o pecado humano não o fizesse desde sempre. A Trindade matou a todos os que a desacatam, em todo o tempo, no sacrifício do Filho, manifesto por Jesus de Nazaré (1Pe 1.18-20), na Cruz do Calvário, oferecendo a todos o perdão e a ressurreição.

Eu respeito o direito de ter religião e o reivindico sempre, mas, discordo de taxar como agentes do inferno quem não concorda com o que penso, como se Deus, por sua graça, não estivesse, desde sempre, cuidando que a raça humana não sucumbisse à rebeldia inerente à sua natureza, o que explica o triunfo do bem frente a maldade explícita. Por isso discordo do pregador quando afirma que o sucesso de um artista, a quem Deus, por sua graça, cumulou de talentos, como Caetano Veloso, só se explique por ter feito pacto com o diabo. Como se ao adversário de nossas almas interessasse qualquer manifestação do Belo.

Eu respeito e pratico o direito ao livre exame das Escrituras Sagradas, conquistado pela Reforma Protestante, e, por isso, enquanto respeito o direito do teólogo expressar suas conclusões, discordo do teólogo quando suas considerações sobre o significado de profecias do texto que amo e reverencio, não corresponderem ao que entendo ser uma conclusão pautada pelas regras da interpretação bíblica, assim como, no meu parecer, ferirem a uma das maiores revelações desse Livro dos livros: Deus é Pai de todos, está em todos e age por meio de todos (Ef 4.6).

Reconheço a qualquer ser humano o direito de protestar contra o que não concorda, mas, nunca em detrimento do direito do outro, o que inclui o direito ao culto. Uma coisa é discordar do político outra coisa é cercear o direito do religioso, e de quem o convide para participar de um culto da fé que pratica. Uma coisa é denunciar o político por suas posturas, outra, e inadmissível, é atentar contra a integridade física ou emocional dele e dos seus.

Não admito, contudo, como cristão, ser sequestrado no direito de discordar, ou ser tratado como se fosse refém das circunstâncias, sejam elas quais forem. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5.1).

Lamento que haja, entre os cristãos, quem trate a nossa fé como se fosse frágil e necessitada de proteção. Nossa fé foi preponderante na construção do Ocidente, e resistiu às mais atrozes perseguições.

Nós sempre propugnamos pela liberdade. Nós impusemos a Carta Magna ao Príncipe John, na Inglaterra; construímos o Estado Laico na revolução americana, quando, numa nação majoritariamente cristã, todas as confissões religiosas foram tidas como de direito. Nós lutamos entre nós pelo fim da escravidão, seja na guerra da Secessão, seja por meio de Wilberforce, premier Inglês, e de tantos outros movimentos. Nós denunciamos e enfrentamos os que entre nós quiseram fazer uso da nossa fé para legitimar a opressão. Os maiores movimentos libertários nasceram em solo cristão, e mesmo quando renegavam ao que críamos, não havia como não reconhecer a nossa contribuição à emancipação humana.

Nós construímos uma sociedade de direitos, lutamos por e reconhecemos direitos civis, e não podemos abrir mão disso; não podemos abrir mão da civilização que ajudamos a construir e a solidificar, onde mulheres, homens e crianças são protegidos em sua integridade e garantidos em seus direitos. Na democracia que ajudamos a reinventar, onde cada ser humano vale um voto, tudo pode e deve ser discutido segundo as regras da civilidade.

Nossa fé foi construída por gente que foi a toda luta que entendeu justa, pondo em risco a própria vida, e por mártires, por gente que se recusou a matar, por gente que não capitulou diante do assassínio, pois nós cremos que Deus é amor, e que o amor de Deus é mais forte do que a morte (Rm 8.38). E por amor a Deus e ao seu Cristo lutamos pela unidade e pela liberdade da humanidade.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Fé cega, faca amolada







"NOVO MANDAMENTO VOS DOU: QUE VOS AMEIS UNS AOS OUTROS; COMO EU VOS AMEI A VÓS, QUE TAMBÉM VÓS UNS AOS OUTROS VOS AMEIS.  NISTO TODOS CONHECERÃO QUE SOIS MEUS DISCÍPULOS: SE VOS AMARDES UNS AOS OUTROS" JOÃO 13.34,35

Quando Rosa Parks se negou a ceder seu lugar no ônibus a uma mulher branca, nos Estados Unidos dos anos 1950, havia um pastor ao seu lado para protestar contra segregação racial. Ele liderou esse movimento por anos. Enfrentou
ameaças e ataques. Seu nome era Martin Luther King. E sua participação foi decisiva na luta contra a discriminação não só nos transportes, mas em toda a sociedade norte-americana. Foi assassinado brutalmente. Mas virou herói em seu país, e, hoje, não é possível falar de Direitos Humanos ou minorias sem citar sua enorme contribuição.

Esse movimento de mais de 60 anos atrás me lembra de que, quando a fé encontra a ação política profética, não precisa necessariamente se transformar em acusações, falso moralismo ou hipocrisia. Antes, pode ser traduzida em ação contra a injustiça, a favor da inclusão e pela paz. Infelizmente, porém, parece que o modelo capaz de combinar atuação pública relevante e cristianismo genuíno está sendo ignorado por alguns daqueles que resolveram se dizer porta-vozes da Igreja brasileira.

Tenho acompanhado com perplexidade – e, tenho de dizer, com constrangimento – o noticiário dos últimos dias. A conclusão é óbvia: a plataforma dos Direitos Humanos virou palanque predileto de um certo povo lá de Brasília… Usar tema dessa importância só pra se promover já não seria coisa boa. Porém, se ao menos estivessem batendo bumbo contra a corrupção, a violência e a injustiça vá lá… Mas não. O que estão fazendo é acentuar preconceitos e rancores, estimular a exclusão e o racismo, e defender a intolerância. E o pior: tudo isso em nome de Deus (e no meu e no seu nome também!).

É evidente que, num país democrático, ninguém pode impedir quem quer que seja de expressar suas opiniões, valores e crenças. E o princípio vale também para nós, evangélicos, que temos de ter liberdade para dizer o que pensamos. Não se combate intolerância com intolerância, nem fundamentalismo com mais fundamentalismo. Sem dúvida, repudio qualquer tentativa de cerceamento desse direito. Porém, não podemos nos esquecer de que Jesus veio a esse mundo com a missão de salvá-lo e não de acusá-lo.

Quem me conhece, sabe da minha militância de quase 20 anos pelos Direitos Humanos. Sabe de minha luta e da luta do grupo que represento para garantia de direitos aos pobres, aos injustiçados, aos mais fracos, aos escravizados… E, na semana que passou, fui ao microfone do plenário e me posicionei contra essa redução da agenda bíblica de transformação social a questões de sexualidade. No entanto, não protestei como ativista do tema: discursei como cristão.

Fui ao microfone e critiquei esse modelo de política e púlpito que explora questões étnicas ou de sexualidade em troca de lucro eleitoral (ou seja, voto). Mas, sobretudo, usei meu pronunciamento para pedir perdão. Sim, dirigi-me aos não-crentes, àqueles que não professam a mesma fé que eu e você, e pedi que nos perdoassem se, de alguma forma, o barulho que está sendo feito os estiver impedindo de entender a verdadeira mensagem de Jesus.

Há mais de dois mil versículos na Bíblia falando sobre o cuidado com os pobres e aproximadamente seis tratando sobre homossexualidade, por exemplo. No entanto, não se vê nenhum projeto para atender a quem sofre. Pergunto: Quantas vezes Jesus falou sobre homossexualidade? Respondo: Nenhuma… No topo da lista dos confrontados pelo Mestre estavam os homossexuais? Ou eram os hipócritas religiosos de Sua época? Por que, então, super explorar alguns temas de forte apelo eleitoral e desvalorizar outros, claramente enfatizados pela Bíblia e por Jesus? A quem interessa reduzir a essência amorosa e transformadora da mensagem de Jesus à agenda moralista? Será que esses que fecham os olhinhos diante das câmeras da imprensa, parecendo muito espirituais, não os mantêm bem abertos, fixos nos votos que podem tirar de todo esse teatro?

“Errais não conhecendo as Escrituras”, diz a Palavra. E o problema fica ainda mais agudo quando esse discurso sem amor ou sabedoria contamina algumas igrejas. Aí, é mesmo como na velha música: fé cega, faca amolada. Crentes sinceros têm aderido a essa ideologia esdrúxula, sem saber que estão assumindo uma agenda que nada tem a ver com os reais desejos do coração do Pai.

Atenção, caro leitor. Não estou propondo que essa ou aquela prática seja, agora, legitimada. Há questões que são específicas da Igreja. E outras que são de Estado. Não apoio aqueles que tratam a nós, evangélicos, como ignorantes. Minha fé e minha consciência cristã não estão alinhadas a esses que querem impor no grito sua condição como regra. Defendo que respeitem a nós, evangélicos, com o mesmo respeito que têm exigido.

Porém, o que acontece é, no meio de todo esse barulho, a ideia de cristianismo transmitida está errada. O testemunho público está ruim. Pesquisa recente, realizada pelo Barna Group, nos Estados Unidos, questionou jovens não-cristãos sobre sua percepção sobre os cristãos. O resultado? Para eles, a principal característica dos crentes é a de ser anti-homossexual. Triste conclusão a de que cristãos estejam se tornando mais conhecidos pelo que são contra do que pelo que são a favor. Vale a reflexão. Essa com certeza não era a impressão que as pessoas tinham ao encontrar Jesus ou os irmãos da primeira Igreja.

Perde-se tempo com posições discussão de modos e costumes, quando uma agenda cristã contemporânea, biblicamente fundamentada, conduzida com honestidade e humildade, poderia diminuir a violência, lutar por melhores condições de saúde, erradicar a pobreza e a escravidão moderna, cuidar da Criação, fortalecer as famílias, promover o respeito à sacralidade da vida humana e sua dignidade intrínseca – bem ao contrário dos absurdos que temos visto.

A esses pastores ou políticos que se autodenominam defensores dos evangélicos, lembro que a Igreja já tem em Cristo o seu maior e suficiente defensor. As vozes cristãs que mais foram ouvidas e mais transformaram a história da Humanidade não foram essas que se apressam em julgar e condenar. Foram aquelas que pregaram e viveram a essência da mensagem de Jesus: o amor, a paz, a justiça, o perdão, a tolerância, a não violência, a defesa dos mais frágeis, a vida com integridade. Foram vozes que se levantaram contra o racismo e a hipocrisia religiosa. Salve Mandela, salve Desmond Tutu, salve Martin Luther King, Bonhoeffer, Wilberforce, Jaime Wright, Robinson Cavalcanti! Com esses, estou alinhado, hoje e sempre.



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