E lembrem disto: EU estou com vocês TODOS os DIAS, até o FIM DOS TEMPOS.
Mateus 28.20
Quando Jesus, depois de haver morrido e ressuscitado, aparece aos seus
amigos e discípulos ELE faz uma promessa “eu estarei com vocês todos os
dias até o fim dos tempos”.
No
momento desta declaração ELE se apresentou vivo, não foi um espírito,
um fantasma, uma projeção ou a imaginação dos discípulos que estavam
presentes no instante desta declaração maravilhosa, foi o próprio Jesus. Ele disse para Tomé “toque em minhas mãos e em meu corpo e
veja que SOU EU, um espírito não tem carne ou osso. TOQUE em mim Tomé e
creia!”
Jesus está vivo! E mais, prometeu sua companhia TODOS OS DIAS!
Será que em nossa vida agitada temos conseguido encontrar aquele que está perto?
Será que esta ideia de Jesus vivo, próximo e com desejo de nos ajudar,
amar e compreender não tem se transformado em mera “fábula religiosa”?
Uma “lenda antiga”?
Creia nisso, ESTOU COM VOCÊ TODOS OS DIAS
ATÉ O FIM DOS TEMPOS. Jesus quer que compreendamos esta realidade, de
que ELE vive e está perto, para que possamos aprender a viver com ELE!
Jesus não está confinado à história. Jesus não está preso dentro das
paredes das igrejas. Jesus está vivo e atua em todo lugar! ELE mesmo
afirmou que o REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE VÓS! Então é tempo de
acalmarmos nossa alma agitada e olhar pela fé para Jesus perceber que
agora mesmo ELE está perto de cada um de nós, tão perto que se fecharmos
nossos olhos e abrirmos nosso coração iremos percebê-lo junto de nós,
uma paz suave e uma alegria serena irá invadir nossa alma e teremos a
certeza de que ELE está aqui!
Creia nisso! Ele está com você todos os dias!
Amém!
Lisandro Canes
sexta-feira, 26 de abril de 2013
terça-feira, 16 de abril de 2013
CARTA ABERTA AOS CRISTÃOS DO SÉCULO XXI
CARTA ABERTA AOS CRISTÃOS DO SÉCULO XXI
Por: Brennan
Manning
Adentramos o século XXI, e nunca houve outra
época na história cristã em que o nome de Jesus fosse mencionado com tanta
freqüência e o conteúdo de sua vida e de seu ensino tão freqüentemente
ignorado. A sedução de um discipulado fraudulento tem tornado fácil demais ser cristão.
Num clima de admiração mútua, as exigências radicais
do evangelho
dissolveram-se em antiácido verbal,
e a pregação
profética tornou-se
quase impossível. De modo geral, os cristãos americanos de hoje são alimentados
a colheradas
com o mingau
da religião popular.
O evangelho de Jesus Cristo não é historinha
de Pollyana
para os neutros — é faca
cortante, trovão implacável e terremoto convulsivo no espírito humano. A
Palavra deveria nos forçar a reavaliar o rumo inteiro de nossa vida. Porém, nas
palavras de Bonhoeffer, muitos cristãos "juntaram-se como abutres ao redor da
carcaça da graça barata, e ali beberam o veneno que assassinou o
seguir a Cristo".
Fosse o evangelho proclamado sem concessões, o
rol de cristãos de carteirinha neste país diminuiria. Em sua maior parte o televangelismo
distorce o evangelho. Não há referência à cruz exceto como relíquia teológica,
nenhum toque de clarim anunciando ao corpo de Cristo que estamos crucificados
para o mundo e o mundo crucificado para nós. Em meia hora o evangelista
eletrônico tem de converter você, curá-lo e garantir-lhe sucesso. Todos são
vencedores; ninguém perde seu negócio, fracassa no casamento ou vive na
pobreza. Se você é uma jovem atraente de dezenove anos e aceita Jesus, torna-se
miss
América; se você tem
problema com a bebida, vence o alcoolismo; se faz parte da Liga Nacional de
Futebol, é escalado automaticamente para a seleção.
Por mais incrível que possa parecer, a própria
Palavra tornou-se fonte de divisão e de justiça própria. Jesus disse que o
sinal mais evidente do discipulado seria nosso amor uns pelos outros. "Um novo mandamento
vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós
uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se
vos amardes
uns aos outros" (Jo
13:34-35). Seu ensino não deixa dúvidas aqui. Seríamos conhecidos como seus
seguidores não por ser castos, celibatários, honestos, sóbrios ou
respeitáveis; não por ser freqüentadores de igreja, carregadores de Bíblia ou
cantadores de salmos. Antes, seríamos conhecidos como discípulos primariamente
por nosso profundo e delicado respeito uns pelos outros, por nosso amor cordial
impregnado de reverência pela dimensão sagrada da personalidade humana.
No entanto, num gesto arrogante de patifaria,
muitos pregadores hoje em dia decidiram que o padrão de discipulado de Jesus é
inadequado para os tempos modernos. O novo critério é ortodoxia doutrinária
aliada ao modo de interpretar a Bíblia. "Crença correta" é a nova
norma que determina o que vale um cristão. Nestes tempos perigosos não
hesitamos em dividir comunidade, igreja local e até mesmo denominações por
causa da forma de adoração, das canções que cantamos ou do método de
interpretar uma passagem bíblica.
Meus amigos em Cristo, a verdade simples é que
a igreja cristã está dividida por doutrina, história e conduta diária.
Percorremos um longo caminho desde o século I, quando os pagãos
exclamavam com maravilha
e assombro: "Veja como esses cristãos amam-se uns aos outros!". Privamos
o mundo do único testemunho que o Filho de Deus requereu durante a ceia de seu
amor. "Nossa presente desunião não tem como ser a vontade de Deus para
nós; é escândalo para anjos no céu e para seres humanos na terra".
Deixem-me, no entanto, dizer que ao longo
deste país há uma congregação aqui, uma comunidadezinha ali, testemunhas
isoladas no horizonte cujas vidas não fazem nenhum sentido se Jesus não
ressurgiu. Eles vêem o cristianismo não como ritual, mas como modo de vida. Sua
vida longe das câmeras são impressionantes. Eles fazem coisas que ninguém
jamais poderá saber com a mesma sinceridade com que fazem as coisas que as
pessoas podem ver. Eles arriscaram tudo na assinatura de Jesus e creem firmemente que viver sem risco é arriscar não viver.
Entristece-me
profundamente em
nossa cultura aquilo
que só
posso chamar de idolatria das Escrituras. Para muitos cristãos a Bíblia não é
uma seta apontando para Deus, mas o próprio Deus. Numa palavra: bibliolatria. Deus não tem como confinar-se entre as capas de um livro. Perco depressa a
paciência perto de gente que fala como se o mero escrutínio de suas páginas
pudesse revelar precisamente como Deus pensa e como ele quer.
Os quatro evangelhos são a chave para o
conhecimento de Jesus. Contudo, de modo recíproco, Jesus é a chave do
significado do evangelho — e da Bíblia como um todo. Em vez de permanecermos
satisfeitos com a letra crua, deveríamos passar para os mistérios mais
profundos disponíveis apenas por meio de um conhecimento íntimo e sentido da
pessoa de Jesus.
Com o risco de soar repetitivo, vou dizê-lo
novamente: tomamos fácil demais ser cristão. Os únicos requerimentos são a recitação
de um credo e a
freqüência a uma igreja local onde há pouca comunhão e comunidade nenhuma. O
cristianismo costumava ser negócio arriscado. Não é mais. O discipulado livre de custos produz paspalhos e personalidades melífluas que, na frase
contundente de Scott Peck, "pertencem a uma igreja na qual o nome de Jesus convive blasfemamente
com a corrida armamentista".
De meu ponto de vista, a necessidade mais
urgente da igreja é conhecer Jesus Cristo: viver e respirar as palavras do
apóstolo Paulo: "Tudo que quero é conhecer a Cristo e experimentar o poder de sua ressurreição pelo participar da comunhão de seu sofrimento
(cf. Fp 3:10-11). Você e eu somos chamados para ser pessoas à maneira de Jesus.
Nada mais importa. Nosso alvo é nos tornarmos como Cristo, ter sempre sua imagem
diante dos olhos. O discipulado é um apego completo a Jesus Cristo em seu presente estado de
ressurreição: "Olhando para Jesus, autor e consumador da fé" (Hb 12:2).
Devemos permanecer inteiramente focalizados em Cristo, sem buscar a realização
na lei, na afiliação à igreja, na piedade pessoal, no sucesso ministerial ou no
avanço profissional. "Cristo é tudo em todos" (Cl 3:11).
Paulo é modelo de dedicação irredutível a
Jesus. Ele teve a audácia de ostentar: "Nós temos a mente de Cristo"
(1 Co 2:16). A ostentação era validada por sua vida. Desde o momento da
conversão, a mente e o coração de Paulo ocuparam-se de Jesus Cristo (cf. Fl
3:21). Cristo era uma pessoa cuja voz Paulo podia reconhecer (cf. 2Col3:30),
que o fortalecia nos momentos de fraqueza (12:9), que o iluminava, mostrava-lhe
o significado das coisas e o consolava (1:4-5). Abatido pelas acusações
difamatórias de falsos apóstolos, Paulo admitiu visões e revelações do Senhor
Jesus (12:1). A pessoa de Jesus desvendou para ele o mistério da vida e da
morte (cf. Cl 3:3).
Na novela O sol é para todos, o velho
advogado Atticus Finch afirma: "Você nunca vai compreender um homem até
se sentir na pele dele e olhar o mundo através de seus olhos". Paulo
olhava o mundo tão sensivelmente através dos olhos de Jesus Cristo que Jesus
Cristo tornou-se o ego do apóstolo: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu,
mas Cristo vive em mim" (Gl 2:20).
Se o apóstolo retornasse à terra hoje, creio
que conclamaria toda a igreja a retornar à disciplina do segredo. Essa antiquíssima
prática da igreja
apostólica foi implementada para proteger o nome sagrado de Jesus Cristo da
zombaria e os mistérios da fé cristã de profanação. A igreja cristã evitava a
menção do batismo, da eucaristia, da morte e ressurreição de Cristo na presença
dos não-batizados.[1]
Por quê? Porque o testemunho mais persuasivo era o modo que se vivia,
não as palavras que se falavam.
S0ren Kierkegaard certa vez descreveu dois
tipos de cristãos: o primeiro engloba os que imitam Jesus Cristo; os segundos
são os que se satisfazem em falar dele. Eu dividiria a comunidade cristã nos
Estados Unidos entre gente pictórica e gente dramática. A
gente pictórica enxerga Jesus a uma
distância segura, da maneira que se olha na Galeria Nacional de Washington para
o quadro da última ceia pintado por Salvador Dali. A gente dramática não é
composta por meros espectadores; como a audiência envolvida diretamente na
tragédia grega Antígona, são participantes pessoais no drama da morte e
ressurreição de Jesus, mediante um morrer diário para o eu e um ressurgir para
novidade de vida em Cristo.
Proponho que o empreendimento cristão de edificar
o reino de Deus na terra
seja um negócio silencioso e oculto. As reivindicações públicas do cristianismo
perderam a credibilidade. As palavras de nossos lábios são contraditas por
nosso modo de vida.
O problema com a igreja não é o fato de que
algo esteja escondido, mas que muito pouco tem permanecido oculto. Que a igreja
viva no subterrâneo por algum tempo. Ao mesmo tempo que abraça a discrição,
eleve também os critérios para filiação. Somos a igreja. Apresentemos ao mundo
a imagem de uma comunidade de servos e preservemos a beleza do evangelho não
com um fervor gritante e defensivo, mas com uma vida interior intensa de oração
e adoração, serviço e conduta de vida que só possam ser explicados em Deus.
A adoração é o ápice da vida da igreja, fonte
de todo o ministério, da solidariedade compartilhada em comunidade que toma a
fidelidade a Jesus possível. A adoração, como expressão da disciplina do
segredo, não é para amadores em busca de entretenimento.
Ela é apenas para pequenos grupos de cristãos
claramente comprometidos que caracterizam uma comunhão intensa baseada em sua
lealdade comum e acentuada a Jesus; e sua expressão do significado dessa
lealdade e comunhão é comunicada para e na companhia uns dos outros em
adoração[...] A adoração como disciplina hermética não é para as ruas, para os cartazes,
para a mídia, para as massas. Não são por certo os cultos de amanhecer de
Páscoa no Hollywood Bowl, não os exercícios dominicais de religião civil no East
Room da Casa Branca, não a
religiosidade ou as cruzadas no Astrodome[...] Não é cristianismo de adesivo
de pára-choque e papel de carta. A
igreja[...] se tornará rigorosa nas estipulações para afiliação e
devota em sua prática de
disciplinas. Dará também sua propriedade em favor
dos necessitados.[2]
A disciplina do
segredo ajudará a igreja a libertar-se da religiosidade. Carregamos muita
bagagem religiosa do passado. Em diversas igrejas locais que visito, a
religiosidade empurrou Jesus para as margens da vida real e fez com que as
pessoas mergulhassem na preocupação com a própria salvação pessoal. Quando o
medo do pecado e da morte domina a consciência cristã, tornamo-nos
excessivamente introspectivos; tiramos os olhos de Jesus e perdemos qualquer
senso de responsabilidade ética para com a comunidade humana mais ampla. Muitas
pessoas têm confundido as estruturas da religião com a revelação e a fé. A
disciplina do segredo insiste que Jesus não é apenas o centro do evangelho, mas
de toda nossa vida cristã. Nossa fidelidade a ele e imitação de sua vida darão
credibilidade ao cristianismo.
O uso excessivo
esvaziou o sentido de grande parte do idioma cristão. Quando encontrar alguém
em meio a dor e desolação, não fale o idioma bíblico conhecido por você e
disponível para você: fique ao lado da pessoa ferida em sua solidão e
quebrantamento, chore e lamente com ela, e deixe que seu silêncio seja sua
compaixão.
Faço questão de
lembrar a cada seguidor de Jesus que o discipulado nada
mais é que estar pronto a obedecer a Cristo tão incondicionalmente quanto os
primeiros discípulos. Apenas quem crê é obediente, e apenas quem é obediente
crê. Jamais confunda sucesso ministerial, conhecimento bíblico ou domínio
conceituai cristão com santidade e discipulado autêntico.
Eles podem muito bem tratar-se de corrupções do discipulado se
sua vida não estiver escondida com Cristo, em Deus.
Jesus Cristo ofendeu a ordem política e
religiosa da Palestina. O cristão, também, acabará sendo motivo de ofensa, e se
não o fizer é mau sinal, significa que não está sendo muito cristão.
Nesta carta, caros irmãos e irmãs, procurei
compartilhar minhas percepções sobre a igreja e oferecer recomendações para uma
renovação com base nos escritos de Paulo. Neste momento da história da igreja,
creio que o retorno a disciplina do segredo é essencial para a revitalização e
a credibilidade da comunidade cristã. O evangelho de Jesus
Cristo não deve ser forçado sobre um mundo não inclinado a abraçá-lo. Para ser
direto, as pessoas estão cheias de nossos sermões. Elas querem uma fonte de
poder para sua vida. Podemos recomendá-la apenas tomando-a ativamente presente
em nós mesmos. Para o crescimento da igreja na próxima década, o princípio
operativo é: "menos é mais". Pouco antes de morrer, o líder marxista Lênin
disse: "Dê-me dez
homens como Francisco de Assis e eu dominarei o mundo".
Por favor, orem por este peregrino. Não me
coloco acima de vocês: sento-me ao seu lado.
Sob a
Misericórdia,
Brennan Manning
Nova Orleans, Louisiana
15 de janeiro de 1992
[2] Larry RASMUSSEN, "Worship in a World
Come-of-Age", em A Bonhoeffer Legacy: Essays in
Understanding, p. 278.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
EQUILIBRIUM
"Examinem tudo, fiquem
com o que é bom."
1 Tessalonicenses 5.21
Em busca do equilíbrio, este deveria ser o princípio régio
do cristão no meio da sociedade.
Vou observar TODAS as coisas e ficar com o que é bom aos
olhos de Deus e conforme as Escrituras!
Quanto ao que for mal, com isto não
fico, e buscarei a sabedoria de discernir quais os males e maus que chegam
disfarçados de bem ou bom.
Para isto não preciso me atirar para os extremos das
questões. Defenderei meu ponto de vista com respeito e quando eu não for
respeitado oferecerei a outra face. Não pagarei o mal com o mal. Não pagarei o
desrespeito e a intolerância com mais desrespeito e intolerância, não revidarei
truculência com mais truculência. Enfim, Não pagarei na mesmo moeda e medida.
Minha moeda será a moeda do amor e minha medida será a medida de Jesus. Quero
estar entre os que oferecem abraços e não tapas! Quero estar entre os que dizem
amo e não entre os que declaram ódio. Quero ser um dos que perdoam, setenta
vezes sete e viver entre os pacificadores e assim ser chamado de filho de Deus!
Amém
Lisandro Canes
quinta-feira, 11 de abril de 2013
PELO DIREITO DE DISCORDAR!
PELO DIREITO DE DISCORDAR!
Por Ariovaldo Ramos
Fui advertido de que nesse
momento, que estamos vivendo na Igreja evangélica brasileira, discordar do
Presidente do CDHM, em exercício, é concordar com o movimento GLBTS, e vice
versa.
Discordo!
Eu respeito o irmão e oro por
ele, mas, discordo da forma como o Deputado está conduzindo o mandato que
recebeu de seus eleitores.
Eu respeito os seres humanos que
optaram pela homossexualidade, mas, entendo que os direitos que estão a
reivindicar já estão contemplados nos direitos da pessoa humana, cobertos por
nossa constituição, e que o que passa disso constitui reclamos por privilégios,
o que não é passível de ser concedido numa democracia, sob pena de
contradize-la.
Eu respeito o direito das uniões
homossexuais terem garantida, pelo Estado, a preservação do patrimônio, por
eles construídos, quando da separação ou do falecimento de um dos membros da
união. Entretanto, discordo que seja possível transformar uma união voluntária
de duas pessoas do mesmo sexo, a partir de opção comum e particular, em
casamento, pois isso insinua haver um terceiro gênero na humanidade, o que não
se explicita na constituição do ser humano. Assim como não entendo que a
conjunção da maternidade e da paternidade, necessária para um desenvolvimento
funcional do infante humano, seja substituível por mera boa vontade.
Eu respeito e exerço direito de
pregar o que se crê, mas discordo do pregador, quando diz que Deus matou John
Lennon ou aos Mamonas Assassinas, por terem desacatado o Altíssimo, como se o
pecado humano não o fizesse desde sempre. A Trindade matou a todos os que a
desacatam, em todo o tempo, no sacrifício do Filho, manifesto por Jesus de
Nazaré (1Pe 1.18-20), na Cruz do Calvário, oferecendo a todos o perdão e a
ressurreição.
Eu respeito o direito de ter religião
e o reivindico sempre, mas, discordo de taxar como agentes do inferno quem não
concorda com o que penso, como se Deus, por sua graça, não estivesse, desde
sempre, cuidando que a raça humana não sucumbisse à rebeldia inerente à sua
natureza, o que explica o triunfo do bem frente a maldade explícita. Por isso
discordo do pregador quando afirma que o sucesso de um artista, a quem Deus,
por sua graça, cumulou de talentos, como Caetano Veloso, só se explique por ter
feito pacto com o diabo. Como se ao adversário de nossas almas interessasse
qualquer manifestação do Belo.
Eu respeito e pratico o direito
ao livre exame das Escrituras Sagradas, conquistado pela Reforma Protestante,
e, por isso, enquanto respeito o direito do teólogo expressar suas conclusões,
discordo do teólogo quando suas considerações sobre o significado de profecias
do texto que amo e reverencio, não corresponderem ao que entendo ser uma
conclusão pautada pelas regras da interpretação bíblica, assim como, no meu
parecer, ferirem a uma das maiores revelações desse Livro dos livros: Deus é
Pai de todos, está em todos e age por meio de todos (Ef 4.6).
Reconheço a qualquer ser humano o
direito de protestar contra o que não concorda, mas, nunca em detrimento do
direito do outro, o que inclui o direito ao culto. Uma coisa é discordar do
político outra coisa é cercear o direito do religioso, e de quem o convide para
participar de um culto da fé que pratica. Uma coisa é denunciar o político por
suas posturas, outra, e inadmissível, é atentar contra a integridade física ou
emocional dele e dos seus.
Não admito, contudo, como
cristão, ser sequestrado no direito de discordar, ou ser tratado como se fosse
refém das circunstâncias, sejam elas quais forem. Foi para a liberdade que
Cristo nos libertou (Gl 5.1).
Lamento que haja, entre os
cristãos, quem trate a nossa fé como se fosse frágil e necessitada de proteção.
Nossa fé foi preponderante na construção do Ocidente, e resistiu às mais
atrozes perseguições.
Nós sempre propugnamos pela
liberdade. Nós impusemos a Carta Magna ao Príncipe John, na Inglaterra;
construímos o Estado Laico na revolução americana, quando, numa nação
majoritariamente cristã, todas as confissões religiosas foram tidas como de
direito. Nós lutamos entre nós pelo fim da escravidão, seja na guerra da
Secessão, seja por meio de Wilberforce, premier Inglês, e de tantos outros
movimentos. Nós denunciamos e enfrentamos os que entre nós quiseram fazer uso
da nossa fé para legitimar a opressão. Os maiores movimentos libertários
nasceram em solo cristão, e mesmo quando renegavam ao que críamos, não havia
como não reconhecer a nossa contribuição à emancipação humana.
Nós construímos uma sociedade de
direitos, lutamos por e reconhecemos direitos civis, e não podemos abrir mão
disso; não podemos abrir mão da civilização que ajudamos a construir e a
solidificar, onde mulheres, homens e crianças são protegidos em sua integridade
e garantidos em seus direitos. Na democracia que ajudamos a reinventar, onde
cada ser humano vale um voto, tudo pode e deve ser discutido segundo as regras
da civilidade.
Nossa fé foi construída por gente
que foi a toda luta que entendeu justa, pondo em risco a própria vida, e por
mártires, por gente que se recusou a matar, por gente que não capitulou diante
do assassínio, pois nós cremos que Deus é amor, e que o amor de Deus é mais
forte do que a morte (Rm 8.38). E por amor a Deus e ao seu Cristo lutamos pela
unidade e pela liberdade da humanidade.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Fé cega, faca amolada
"NOVO MANDAMENTO VOS DOU: QUE VOS AMEIS UNS AOS OUTROS; COMO EU VOS AMEI A VÓS, QUE TAMBÉM VÓS UNS AOS OUTROS VOS AMEIS. NISTO TODOS CONHECERÃO QUE SOIS MEUS DISCÍPULOS: SE VOS AMARDES UNS AOS OUTROS" JOÃO 13.34,35
Quando Rosa Parks se negou a ceder seu lugar no ônibus a uma mulher branca, nos Estados Unidos dos anos 1950, havia um pastor ao seu lado para protestar contra segregação racial. Ele liderou esse movimento por anos. Enfrentou
ameaças e
ataques. Seu nome era Martin Luther King. E sua participação foi decisiva na
luta contra a discriminação não só nos transportes, mas em toda a sociedade
norte-americana. Foi assassinado brutalmente. Mas virou herói em seu país, e,
hoje, não é possível falar de Direitos Humanos ou minorias sem citar sua enorme
contribuição.Quando Rosa Parks se negou a ceder seu lugar no ônibus a uma mulher branca, nos Estados Unidos dos anos 1950, havia um pastor ao seu lado para protestar contra segregação racial. Ele liderou esse movimento por anos. Enfrentou
Esse
movimento de mais de 60 anos atrás me lembra de que, quando a fé encontra a
ação política profética, não precisa necessariamente se transformar em
acusações, falso moralismo ou hipocrisia. Antes, pode ser traduzida em ação
contra a injustiça, a favor da inclusão e pela paz. Infelizmente, porém, parece
que o modelo capaz de combinar atuação pública relevante e cristianismo genuíno
está sendo ignorado por alguns daqueles que resolveram se dizer porta-vozes da
Igreja brasileira.
Tenho
acompanhado com perplexidade – e, tenho de dizer, com constrangimento – o
noticiário dos últimos dias. A conclusão é óbvia: a plataforma dos Direitos
Humanos virou palanque predileto de um certo povo lá de Brasília… Usar tema
dessa importância só pra se promover já não seria coisa boa. Porém, se ao menos
estivessem batendo bumbo contra a corrupção, a violência e a injustiça vá lá…
Mas não. O que estão fazendo é acentuar preconceitos e rancores, estimular a
exclusão e o racismo, e defender a intolerância. E o pior: tudo isso em nome de
Deus (e no meu e no seu nome também!).
É
evidente que, num país democrático, ninguém pode impedir quem quer que seja de
expressar suas opiniões, valores e crenças. E o princípio vale também para nós,
evangélicos, que temos de ter liberdade para dizer o que pensamos. Não se
combate intolerância com intolerância, nem fundamentalismo com mais
fundamentalismo. Sem dúvida, repudio qualquer tentativa de cerceamento desse
direito. Porém, não podemos nos esquecer de que Jesus veio a esse mundo com a
missão de salvá-lo e não de acusá-lo.
Quem me
conhece, sabe da minha militância de quase 20 anos pelos Direitos Humanos. Sabe
de minha luta e da luta do grupo que represento para garantia de direitos aos
pobres, aos injustiçados, aos mais fracos, aos escravizados… E, na semana que
passou, fui ao microfone do plenário e me posicionei contra essa redução da
agenda bíblica de transformação social a questões de sexualidade. No entanto, não
protestei como ativista do tema: discursei como cristão.
Fui ao
microfone e critiquei esse modelo de política e púlpito que explora questões
étnicas ou de sexualidade em troca de lucro eleitoral (ou seja, voto). Mas,
sobretudo, usei meu pronunciamento para pedir perdão. Sim, dirigi-me aos
não-crentes, àqueles que não professam a mesma fé que eu e você, e pedi que nos
perdoassem se, de alguma forma, o barulho que está sendo feito os estiver
impedindo de entender a verdadeira mensagem de Jesus.
Há mais
de dois mil versículos na Bíblia falando sobre o cuidado com os pobres e
aproximadamente seis tratando sobre homossexualidade, por exemplo. No entanto,
não se vê nenhum projeto para atender a quem sofre. Pergunto: Quantas vezes
Jesus falou sobre homossexualidade? Respondo: Nenhuma… No topo da lista dos
confrontados pelo Mestre estavam os homossexuais? Ou eram os hipócritas
religiosos de Sua época? Por que, então, super explorar alguns temas de forte
apelo eleitoral e desvalorizar outros, claramente enfatizados pela Bíblia e por
Jesus? A quem interessa reduzir a essência amorosa e transformadora da mensagem
de Jesus à agenda moralista? Será que esses que fecham os olhinhos diante das
câmeras da imprensa, parecendo muito espirituais, não os mantêm bem abertos,
fixos nos votos que podem tirar de todo esse teatro?
“Errais
não conhecendo as Escrituras”, diz a Palavra. E o problema fica ainda mais
agudo quando esse discurso sem amor ou sabedoria contamina algumas igrejas. Aí,
é mesmo como na velha música: fé cega, faca amolada. Crentes sinceros têm
aderido a essa ideologia esdrúxula, sem saber que estão assumindo uma agenda
que nada tem a ver com os reais desejos do coração do Pai.
Atenção,
caro leitor. Não estou propondo que essa ou aquela prática seja, agora,
legitimada. Há questões que são específicas da Igreja. E outras que são de
Estado. Não apoio aqueles que tratam a nós, evangélicos, como ignorantes. Minha
fé e minha consciência cristã não estão alinhadas a esses que querem impor no
grito sua condição como regra. Defendo que respeitem a nós, evangélicos, com o
mesmo respeito que têm exigido.
Porém, o
que acontece é, no meio de todo esse barulho, a ideia de cristianismo
transmitida está errada. O testemunho público está ruim. Pesquisa recente,
realizada pelo Barna Group, nos Estados Unidos, questionou jovens não-cristãos
sobre sua percepção sobre os cristãos. O resultado? Para eles, a principal
característica dos crentes é a de ser anti-homossexual. Triste conclusão a de
que cristãos estejam se tornando mais conhecidos pelo que são contra do que
pelo que são a favor. Vale a reflexão. Essa com certeza não era a impressão que
as pessoas tinham ao encontrar Jesus ou os irmãos da primeira Igreja.
Perde-se
tempo com posições discussão de modos e costumes, quando uma agenda cristã
contemporânea, biblicamente fundamentada, conduzida com honestidade e
humildade, poderia diminuir a violência, lutar por melhores condições de saúde,
erradicar a pobreza e a escravidão moderna, cuidar da Criação, fortalecer as
famílias, promover o respeito à sacralidade da vida humana e sua dignidade
intrínseca – bem ao contrário dos absurdos que temos visto.
A esses
pastores ou políticos que se autodenominam defensores dos evangélicos, lembro
que a Igreja já tem em Cristo o seu maior e suficiente defensor. As vozes
cristãs que mais foram ouvidas e mais transformaram a história da Humanidade
não foram essas que se apressam em julgar e condenar. Foram aquelas que
pregaram e viveram a essência da mensagem de Jesus: o amor, a paz, a justiça, o
perdão, a tolerância, a não violência, a defesa dos mais frágeis, a vida com
integridade. Foram vozes que se levantaram contra o racismo e a hipocrisia
religiosa. Salve Mandela, salve Desmond Tutu, salve Martin Luther King, Bonhoeffer,
Wilberforce, Jaime Wright, Robinson Cavalcanti! Com esses, estou alinhado, hoje e sempre.
FONTE:
CARLOS BEZERRA JR.
http://www.carlosbezerrajr.com.br/blog/?p=704
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